AMAR
levitando
em seu perfume
subi aos céus
orbitando
em seu olhar
criei nuvens
jardinando
em seu sentir
chovi
Todo texto do projeto Nossa Árvore é para algum descendente, por mais distante que esteja...
Se o amor é o primórdio do ser, Pietro, amar nasce o ser.
Muito e sempre se escreveu sobre amar. Leia o que Leon Tolstói escreveu e depois se pergunte sobre a sua própria alma:
“ O homem ama, porque o amor é a essência da sua alma. Por isso não pode deixar de amar”.
Honoré de Balzac, lá no século XIX, defendeu a capacidade de amar a um só:
“ É tão absurdo dizer que um homem não pode amar a mesma mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa de diversos violinos para tocar a mesma música.”
Parece até que estava sintonizado com os nossos tempos, Pietro!
Reduzindo tudo ao desencanto e valorizando o encanto de amar, eis Florbela Espanca acompanhando Balzac:
“ Eu não sou boa nem quero sê-lo, contento-me em desprezar quase todos, odiar alguns, estimar raros e amar um.”
Merece registro o sofrer por amar, nutrição da criação artística que inspirou expoentes da literatura como Victor Hugo:
“ Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele”
e nosso Guimarães Rosa:
“ É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado.”.
Além de Vinicius de Moraes, um mestre de várias músicas-musas, contrariando Balzac e Florbela e refletindo todo o seu ser em letras tais como:
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Mas, Pietro, os séculos foram pacientes e esperaram Cartola e sua aula de amar da música As Rosas Não Falam; veja este trecho:
Queixo-me às rosas
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai
Amar é expressão do coração e cabe remeter à Blaise Pascal, lá no século XVII, um conhecido matemático que é o desconhecido autor de um dos pensamentos universais mais populares até hoje:
“O coração tem razões que a própria razão desconhece”
É isso, Pietro, meu querido netinho, com apenas dois anos e meio você ainda não sabe das letras para ler este texto... mas já sabe amar!
Beijos do vô Cláudio