Nós dois, impuros por natureza,
somos fruto do amor longínquo
e raiz do amor longevo
da nossa árvore da vida,
de folhas que se procriam
nos instantes de pureza
Descobri que tenho uma árvore genealógica, por acaso. Eu via semelhanças minhas, bebê, com Julinha, minha neta e, procurando antigas lembranças, vovó Ná conseguiu localizar uma foto de neném no meu Livro do Bebê. Julinha parecia mesmo comigo e lá estava, também, a árvore genealógica.
Meu pai, Ausílio, era italiano da Toscana, Volterra; foi aviador na 1ª guerra mundial. Mais tarde, veio para o Brasil onde conheceu minha mãe, Hilda - Dazinha para os íntimos - baiana, caçula entre 11 filhos, mas só tenho contato frequente com a geração de dois irmãos dela, tia Glafira e tio Zéca.
Com meu pai convivi até aos 27 anos, quando se foi desta vida, e com minha mãe até 51 anos, ela indo para ele. Já nos meus 66 anos, minha irmã Angélica, mais velha do que eu, foi ao encontro dos dois...
Dos avós, só conheci minha avó materna, Cecília, que morreu quando eu tinha 8 anos.
E por que falo isso tudo!? Pelo inusitado da árvore da vida, que nasce das folhas até chegar em nós, a raiz. Pelo nada que sei do passado mais distante, não mais do que nomes das folhas, Casemiro, Matilde... quem foram!? Pela única coisa certa, minha abençoada prole, que se pode falar sobre nossos ancestrais: pessoas com defeitos e virtudes, dosados pelo próprio caráter; folhas impuras da nossa árvore, geradas na carne, no incontrolável clímax de alguns segundos de pureza.